05 setembro 2002

shana tovah umetuká


(Obra de Roland Blum, alemão, 1960. O rabino toca o shofar, um instrumento para chamar os anjos. É usado no Ano Novo.)

O título deste post se procuncia shaná tová umetuká. Significa Feliz Ano Novo e que seja muito doce! Pois é, pelo calendário em que vivemos, no próximo sábado, 07 de setembro, é Ano Novo!! Uau! Reveillon religioso!!! Sorry se a brincadeira soa desrespeitosa, mas vulgarmente falando é isso mesmo. Eu adoro essa festa. De todas as comemorações judaicas o Ano Novo é o meu preferido. Talvez porque eu goste mesmo dessa coisa de nova era... futuro, deixar o que passou para trás e começar alguma coisa nova.

Uma vez um amigo me perguntou sobre resoluções de Ano Novo. Sabe aquelas promessas que fazemos todos os anos do tipo vou emagrecer... parar de fumar... estudar mais.. ler mais... etc.. etc.. Respondi a ele que não me importava muito porque, afinal, eu tenho dois Anos Novos por ano. Coisa maluca, metafísica, filosófica, bizarra, diferente, estranha, legal... e qualquer outro adjetivo que você imaginar!!!

Voltando ao Rosh Hashana desse ano (essa coisa ainda vai fundir a minha cuca), estamos entrando em 5763. É tempo pra chu-chu. Um tempo histórico cheio de passagens aventurescas, descobertas, criações, invenções (por que não?), padrões, romances, tragédias, comédias, lições... enganos e desenganos. O que eu desejo mesmo é que todo mundo pare um pouquinho para pensar nisso. Nunca os problemas religiosos estiveram tão ligados aos problemas políticos. Israel x Palestina é uma bomba-relógio tão perversa quanto as bombas-relógio do terrorismo insano que cresce na região. De um lado, a ignorância de um povo que não cuida de si mesmo e sonha em destruir o outro. Do outro, um povo que aprendeu a se cuidar tanto que esqueceu um pouco de cuidar dos outros. Não sou eu que vou achar solução alguma.

Meu desejo de Ano Novo é que haja um pouco de lucidez na cabeça de todo mundo e que as pessoas compreendam que religiosidade não tem nada a ver com política e não deveria ter nada a ver com poder. Meu desejo de Ano Novo é que seres humanos sejam mais seres humanos e se Deus significa alguma coisa, que seja para cultivar fé e não justificar política inventada pela cabecinha confusa de uns e outros por aí. Meu desejo de Ano Novo é que as pessoas compreendam o que significa viver em sociedade, comunidade, coletividade... que saibam diferenciar-se umas das outras e, em vez de isso ser um problema, que seja uma qualidade, um atrativo para que uns admirem os outros... é isso... que as diferenças sejam para unir e não para separar! (devo ter lido isso em algum lugar...)

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