mais racional do que nunca
Overdose de convivência comunitária. Esse foi o final-de-semana. Não, não é insensibilidade minha, mas chega uma hora que cansa. Esse comunitária mencionado aí não é exatamente o que você está pensando. É comunitária no sentido de comunidade, no caso, judaica. Um fórum de jovens judeus, feito por jovens judeus, para debater temas judaicos. Então vamos lá: falou-se muita coisa bacana. Falou-se muita bobagem. Fez-se, praticamente, um milagre. O milagre, espero, dure mais do que dois dias. Reunir 300 criaturas jovens num mesmo local para trocar idéias sem o rótulo de programa social (que por si só carrega o pré-conceito e o preconceito de uma coisa vazia e sem conteúdo) foi um feito para o pessoal da organização. Tiro meu chapéu. Aliás, essa foi uma das coisas bacanas que se disse. O evento foi (é) muito mais do que reunião social e isso foi consenso.
Prefiro a racionalidade nas explicações: o mundo está doido. Globalização, anti-globalização, liberalismo, neoliberalismo, anti-liberalismo, capitalismo, comunismo, história, geografia, geopolítica, política, macroeconomia, educação, falta de educação, interesses, desenvolvimento, subdesenvolvimento. Pavor, terror, ódio, raiva, imbecilidade, bestialidade, lavagem-cerebral, ignorância, medo. Esse é o tempo que vivemos (aahh como eu queria ter vivido na "Belle Epóque")... O mundo está doido mesmo. Quero acreditar que um encontro de jovens, sejam judeus ou não, sirva, ainda que inconscientemente para muita gente, para por um pouquinho de senso crítico nas nossas cabeças. Alguma coisa precisa ser feita e vamos começar com um pedacinho do mundo, com uma titica de gente levantando dúvidas e questionando a si mesma. O conflito Israel X Palestina, embora não tenha sido o tema principal ou debatido abertamente, tem tudo a ver com o fato do evento existir. Ninguém que estava lá vai achar uma solução mágica e ninguém vai resolver qualquer coisa. Mas outras coisas precisam ser ditas. Ser judeu não torna ninguém melhor ou pior do que não judeus. Os judeus não são todos iguais, não pensam iguais e sabem disso (eu acho). Para alguns judeus, a solução para o conflito é o reconhecimento do Estado Palestino. Para outros, é preciso eliminá-los - sim, existem os radicais. Mas fazer o quê? Enfiar a cabeça no buraco e deixar passar? O encontro dos jovens é o contrário disso. Vamos conversar, falar, discutir, brigar, entender, compreender.. Vamos ser pessoas, vamos nos comunicar. Vamos ser humanos e usar a massa cinzenta privilegiada que temos para fazer alguma coisa, certo?
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