momento estranho
Porto Alegre tem um ônibus aberto para os turistas passearem. Morro de vontade, ainda não andei. Trânsito lotado, 14h. No rádio, algo muito dançante não sei o que é. Na minha frente o tal ônibus, acreditem, lotado em pleno dia nublado, cinza e de temperatura não muito baixa, mas ventinho gelado. Algo em torno de 14°. O congestionamento é inevitável. A rua é a 24 de outubro. No ônibus, o pessoal resolve se divertir e começa a abanar para uma velhinha numa janela. A reação é imediata: vidros abertos, a senhora de chale vermelho levanta, abre os braços e os abanos viram beijinhos. A vizinha de cima aparece e começa a abanar. A vizinha de baixo também. Na sacada do lado, duas crianças pulam de alegria e abanam sem parar. Juro que me senti num filme - será o Curtindo a Vida Adoidado? - Todos na minha frente se abanam e jogam beijos. Sheila, por que não? Mão na buzina, janela aberta, braço pra fora... eu também tô nessa! Abanos e beijinhos pras velhinhas vizinhas. A bem de cima tinha cabelos muito brancos enroladinhos. A bem de baixo estava com o óculos no nariz. o trânsito andou, o ônibus foi embora e eu fiquei trancando todo mundo distraída, absorvida, feliz, jogando beijinhos pela janela do carro.
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