08 julho 2002

Eu reduzi, ok?
Carta Capital: Porque o senhor chama o conflito Israel-Palestina de câncer do mundo?
...O Oriente médio não é apenas o lugar do conflito árabe-israelense ou judaico-islâmico, é também o local onde se enfrentam os antagonismos fundamentais do globo: os hiperdesenvolvidos contra os menos desenvolvidos, países jovens contra países antigos, Oriente contra Ocidente, o secular contra o religioso, as religiões entre elas. É uma zona perigosa e explosiva. No mundo árabe, que nunca foi antijudaico no sentido ocidental, o antijudaísmo retoma todos os temas ocidentais... (os protocolos dos sábios de sião, revisionismo da segunda guerra, etc...) e se desenvolve também esse lado antiárabe ou antiislamismo, que exalta o tema da guerra das civilizações, uma visão unilateral do mundo islâmico, reduzido ao fanatismo e ao terrorismo, e também um ódio aos árabes, que se manifesta em Israel quando há um atentado.
E qual o remédio?
Em medicina é preciso tratar da causa, mas quando a febre é muito forte, é preciso tratar do sintoma antes. O sintoma é a guerra. A melhor maneira é uma intervenção da ONU, mas a ONU é impotente. Seria os Estados Unidos, mas os Estados Unidos não querem.
Porque a ONU é impotente?
Porque existe o direito de veto. Porque existe o poder dos Estados Unidos.
São os Estados Unidos que impedem?
Sim, além do mais, a Europa não tem uma posição firme e não consegue impor uma vontade comum, ela é impotente. Os países árabes têm regimes que dependem materialmente dos Estados Unidos e sentem o perigo, mas não têm nehuma força de pressão. Os Estados Unidos saem ganhando com a guerra porque tem interesse em ambos os lados. Investimentos de judeus e desenvolvimento do seu próprio exército que usa os árabes como desculpa para novas armas, novos métodos de vigilância, novas tecnologias....

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